Fetiesc

Trabalhadores papeleiros do sul do país preparam Campanha Salarial Unificada

Reunião do Fórum Sul do Papel aconteceu dia 17 de julho, na Fetiesc

O Economista da subseção do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócioeconômicos), na Fetiesc, economista Mairon Brandes, traçou um cenário bastante favorável para as negociações coletivas de trabalho do setor do Papel dos três estados do sul do país, durante reunião do Fórum Sul dos Trabalhadores Papeleiros, realizada dia 17 de julho, no Centro de Educação Sindical da Federação, em Itapema. O encontro foi preparatório à Campanha Salarial Unificada da categoria e participaram os dirigentes sindicais do setor do papel e celulose do Rio Grande do Sul, Paraná  e Santa Catarina.

O setor de papel e celulose apresenta produção e investimentos em alta, “em contraste com o cenário difícil para a indústria brasileira no início deste ano”, informou o economista do Dieese. “As vendas de celulose para a China e América do Norte crescem e existe um potencial enorme de expansão do setor no Brasil”, reforçou. Mairon destacou ainda a região Sul, onde 85,6% dos estabelecimentos do setor de celulose, papel e produtos de papel tinham até 49 trabalhadores formalmente registrados, em 2012. Os três estados somam 1.335 estabelecimentos, sendo  42% de embalagens, e quase 50 mil empregos diretos (70% no setor de embalagens e papel), com 20 mil em SC e 19 mil trabalhadores no RS.

O Brasil é o quarto maior produtor mundial de celulose (14 milhões toneladas), o que equivale a 8,4% da produção mundial, sendo que 61% estão orientadas para exportação, concentrado na fabricação de fibras curtas (eucalipto, 85%), usados na fabricação de papel para impressão. Em relação ao setor do papel, o país detém 2,9% da produção mundial, sendo que 81% estão voltados para o mercado doméstico (concentração na fabricação de embalagens, com 50%). É o 9º maior produtor mundial.

O consumo do setor do papel e celulose, em contraste com a indústria brasileira em geral, tem excelentes perspectivas. No Brasil, o consumo per capita é de 48kg, enquanto na Finlândia é de 280 kg, na Itália, de 177kg e nos Estados Unidos chega a 240 kg (a média mundial é de 57 kg per capita). O setor de celulose obteve crescimento de 8,24% entre 2012 e 2013 e a Europa é o principal mercado consumidor.

Balanço das negociações

Com uma projeção do INPC em 6,50%, para este ano (data-base em outubro e novembro), o economista do Dieese reforçou que “apesar do cenário difícil para a indústria brasileira, com produção e investimento em queda, “o setor de celulose e papel está em alta, tem potencial de expansão”. Sobre o desempenho da economia brasileira, Mairon Brandes adverte que “os números não são ruins, mas merecem preocupação, porque a taxa de crescimento no trimestre ficou em 0,2% e houve queda no consumo das famílias (-0,1%) e nos investimentos”.

Mairon destaca fatores objetivos, como a alta taxa de juros e pressão inflacionária, perda de competitividade da indústria, em virtude dos produtos manufaturados chineses e retração do comércio exterior. Quanto ao mercado de trabalho, o economista do Dieese lembra que o país vive a menor taxa de desemprego da sua história e que o rendimento médio dos trabalhadores está em crescimento. O forte aumento dos investimentos em carteira (especulativos) é uma preocupação do economista.

Além da questão salarial, bastante homogênea em relação aos três estados (o piso salarial varia entre R$ 980,00 e R$ 1.360,00), os dirigentes sindicais destacaram a necessidade de uma pauta de reivindicações unificada na Campanha Salarial, que contemple a jornada de trabalho de 33 horas semanais, fim do trabalho aos sábados, remuneração das horas extras em 100%, abono salarial, vale mercado, entre outros avanços. “É ponto de consenso entre os dirigentes sindicais que o segmento patronal respeita e teme a unificação dos trabalhadores em torno do Fórum Sul porque isso fortalece a categoria nos três estados”, avalia o presidente da Fetiesc, Idemar Antônio Martini.

webmaster

webmaster