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1,05 milhão de trabalhadores brasileiros estão em situação de escravidão contemporânea

A estimativa do Índice de Escravidão Global 2023, foi divulgado nesta quarta (24/05), em Londres, pela Walk Free

Na manhã desta quarta-feira (24/05), em Londres, a Walk Free – organização internacional de direitos humanos, especialista em produção de dados sobre o crime de escravidão – divulgou o relatório com a estimativa do Índice de Escravidão Global 2023. 

Conforme o relatório, o Brasil tem 1,05 milhão de trabalhadores em situação de escravidão contemporânea. Ou seja, estima-se que a cada mil habitantes, cinco brasileiros estão escravizados. Em todo o mundo estima-se que cerca de 50 milhões de trabalhadores vivem nestas condições degradantes.

O estudo também revela que as nações mais ricas do mundo que integram o G20 importam, juntos, mercadorias em risco de terem sido produzidas com trabalho escravo da ordem de US$ 468 bilhões (R$ 2,33 trilhões). No caso do Brasil, são US$ 5,6 bilhões (R$ 27,8 bilhões) em bens sob esse risco, notadamente eletrônicos, roupas, têxteis, óleo de palma e painéis solares de países como China, Indonésia e Bangladesh. No entanto, também aparecemos como origem de mercadorias que podem ter sido produzidas com trabalho escravo, incluindo café, cana-de açúcar, madeira, carne bovina e roupas.

Recente pesquisa apresentada pelo bacharel em Direito, Sidnei Mendes Junior, da Universidade do Sul de Santa Catarina (UNESUL), demonstra que entre os anos de 1995 e 2020, o Estado catarinense registrou 1.000 casos de trabalhadores resgatados de trabalhos em que eram submetidos à situações análogas à escravidão. 

A pesquisa de Mendes Júnior permite definir um perfil das vítimas catarinenses que  mais  sofrem  com  os  meios  de  escravidão  contemporânea,  sendo  predominantemente jovens de até 29 anos de idade (48,82%), em sua maioria brancos (69,02%), do sexo masculino (92,72%), com pouco grau de escolaridade, ocupando tarefas nas zonas rurais,  no cultivo de plantas e  frutas de lavouras.

Para o presidente da Federação dos Trabalhadores nas Indústrias de Santa Catarina (FETIESC), Idemar Antonio Martini, esses números alarmantes são consequências dos ataques reformistas neoliberais impetradas pelos governos de Temer e Bolsonaro, por meio das quais retiraram o suporte econômico necessário para o enfrentamento do capital, inclusive com a extinção do Ministério do Trabalho e a agressão sindical, o que gerou uma regressão histórica e severa de direitos sociais enquanto direitos humanos. 

“Nos últimos anos a desproteção, a degradação e a precarização fez com que o trabalho passasse a ser visto como uma mera mercadoria, inclusive por uma parte significativa dos trabalhadores que defendem a ‘deforma’ de 2017, inclusive elegendo parlamentares que são contrários aos interesses da classe trabalhadora”, avalia Martini, ao lamentar a degradante realidade a que uma parcela significativa dos trabalhadores brasileiros estão subjugados pela elite que controla o capital. 

“Esses números atestam mais uma vez que o regime brasileiro precisa, urgentemente, ser corrigido de forma a salvaguardar os direitos básicos de qualquer trabalhador como uma justa remuneração pelo trabalho realizado,” finaliza o presidente.

Imprensa Fetiesc

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