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OPINIÃO: O que tem a ver o caso ‘Vini Jr.’ com o chão de fábrica? 

Idemar Antonio Martini

Presidente da FETIESC

A semana começou mais uma vez manchada com o veneno do racismo se alastrando mundo afora. O caso do jogador brasileiro Vini Jr. nos estádios de futebol da Espanha, expõe essa chaga aberta da história da humanidade e que, nos últimos anos, ganha proporções desumanas.

E estou certo que casos como esse não acontecem apenas com Vini Jr. Pelo contrário, o racismo é um mal que ocorre a todo momento, às vezes de forma velada, e noutras escancaradas, sendo que os nossos trabalhadores e as trabalhadoras também são vítimas desta prática imunda e repugnante cometida não apenas pelo opressor, mas por vezes, inclusive pela massa acéfala e oprimida que, inconscientemente, reproduz o discurso e as práticas de seus opressores.

Muitos são os Vini. Jr. que estão no chão de nossas fábricas e, por vezes, com medo de perder o emprego e não ter mais como garantir o sustento digno, se submetem a mandos e desmandos; humilhações, racismo e opressão. Esse é mais um lamentável legado da supremacia branca, enraizado no início da expansão capitalista na era da Europa.

Mais do que nunca, enquanto lideranças sindicais temos que assumir com veemência esse compromisso de restaurar e restabelecer nossas bases, de modo que os trabalhadores se libertem do canto ‘da sereia’ do capital e se deem conta de que não há nada mais valoroso e honroso do que garantir a sua dignidade enquanto pessoa e cidadão, independentemente do seu status ou da cor da sua pele. 

Combater todas as formas de racismo e sexismo é ser solidário – e a solidariedade é a base de todo o movimento sindical decente. E casos como o de Vini Jr. demonstram que a sociedade atual precisa muito mais de solidariedade do que de identidade. 

Para reverter esse quadro lamentável e doentia, é preciso nos darmos conta de que esse problema é nosso, e para tanto precisamos nos manter unidos e solidários de modo a suplantarmos essas políticas neoliberais dos últimos tempos que acabam por, escancaradamente, devastar a classe operária, além de marginalizar os pobres. 

O trabalhador precisa de lucidez para entender que o sistema neoliberal faz de tudo para colocar os negros, pobres e da classe operária contra os brancos e os pardos, também pobres e da classe operária. Deste modo, enquanto a classe operária continua brigando entre si e se vê como corpos diferentes, os donos do capital concentram mais e mais poder às custas do ódio, da opressão e de uma sociedade doente. 

Por isso, trabalhadores, uni-vos! Sejamos solidários e aprendamos que assim como Vini Jr. somos capazes de, juntos, transcendermos às normas que este sistema nefasto impõe à classe trabalhadora.

A FETIESC convoca a todos os seus filiados para que repudiem tais práticas de ódio e elevem pontes de solidariedade e humanidade entre os seres humanos.

Imprensa Fetiesc

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