Fetiesc

XII Encontro Estadual das Mulheres

Encontro aconteceu domingo (20) e reuniu mais de 400 mulheres em Itapema

Itapema – Mais de 400 trabalhadoras de Santa Catarina vieram de diferentes cidades e lotaram o Centro de Educação Sindical da Fetiesc, em Meia Praia, Itapema, no domingo (20 de março), durante o 12º Encontro Estadual da Mulher Trabalhadora, para ouvir a socióloga feminista Miguelina Vecchio, que encantou a platéia por mais de duas horas. O tema do Encontro deste ano foi “Nós Podemos – o caminho se faz ao Caminhar”. As dificuldades sexuais, profissionais e pessoais das mulheres, os preconceitos e a discriminação foram assuntos abordados de forma simples e divertida, sem rodeios e com muita clareza de propósitos. A aceitação da palestrante por parte do público foi unânime. Ao final do Encontro houve confraternização, almoço e música ao vivo.

As causas e efeitos da discriminação da mulher na sociedade, tanto agora como no passado, foram analisadas no Encontro. Na avaliação de Miguelina, o processo de conquista dos direitos é lento e começa com uma mudança na educação dos filhos e no comportamento das mulheres. De acordo com ela, a reprodução de modelos que não nos interessam e que reforçam a desigualdade entre meninos e meninas deve ser abandonada e isso somente acontece onde existe educação e consciência do seu papel no mundo. Ela critica a banalização do sexo e o uso da mulher na publicidade. “A televisão, as novelas de um modo geral, reforça os padrões de dominação”, denuncia.

Entre as conquistas das mulheres brasileiras, Miguelina cita o direito ao voto, em 1932, e a pílula anticoncepcional, que libertou a mulher da escravidão reprodutiva. A legalização do aborto é questão de saúde pública das mulheres pobres, que seguem morrendo em função de abortos feitos em locais inadequados. “As mulheres precisam se emancipar da ignorância e demonstrar solidariedade e confiança umas com as outras”, ensina Miguelina.

Oportunidade de aprender


Na avaliação da costureira Ilenice Debarba, de Ascurra, o Encontro representou uma oportunidade de aprender coisas novas e reforçar o que já se sabe. Ilenice tem 52 anos e 26 anos de profissão. Assim como a maioria das mulheres, já sentiu na pele todos os tipos de preconceitos. “Temos que nos preparar para superar as dificuldades”, conclui. Da mesma opinião partilham as vestuaristas de Jaraguá do Sul, Serly Rosane Hintz e Ciméia Piske. Pela primeira vez no Encontro, elas concordam que o evento foi muito proveitoso. “A palestra foi maravilhosa”, afirmou Serly, enquanto Ciméia disse que “ampliou conhecimentos”.

15 anos na defesa da igualdade de direitos
A organização do Encontro é da Secretaria da Mulher da Fetiesc, que completa 15 anos em julho. São convidadas as mulheres trabalhadoras de cidades onde existem sindicatos filiados à Fetiesc. Atualmente, são 41 e em 15 deles já está estruturado o Departamento da Mulher. O mais recente é o Departamento da Mulher de Timbó, criado oficialmente no dia 12 de março último. “Nestes 15 anos já debatemos todos os assuntos que envolvem as mulheres e seus problemas, além de participações expressivas em atos públicos” analisa a secretária da Mulher, Marli Leandro, presidente do Sindicato dos Trabalhadores do Vestuário de Brusque.

O presidente da Fetiesc, Idemar Antônio Martini salientou o pioneirismo da entidade na criação do Departamento da Mulher, em 1996 e o fato de a Fetiesc ser a primeira a incluir no seu estatuto a obrigatoriedade de participação de mulheres na diretoria, em 30%. “Até 1991, quando assumimos, não havia nenhuma mulher na diretoria da Fetiesc, sendo que a maioria dos trabalhadores são mulheres”, afirma Martini, lembrando que na época três mulheres passaram a fazer parte da diretoria: Rosane Sasse, do STIVestuário de Jaraguá do Sul, Marli Leandro, de Brusque, e Eusi Amaral, do Vestuário de Florianópolis, presentes ao Encontro.

Conquistas

Entre as conquistas da Secretaria da Mulher da Fetiesc, Marli Leandro cita, além da participação das mulheres nas diretorias dos Sindicatos, o reconhecimento da Secretaria junto a órgãos internacionais, como OIT, a participação em movimentos sociais, a edição da Revista Desperta Mulher e a criação do Movida (Movimento em Defesa da Saúde e Segurança da Classe Trabalhadora), que atualmente tem abrangência em outros Estados. “Os atos públicos promovidos pelo Movida chegam a ter mais de mil pessoas”, citou o presidente da fetiesc, Idemar Martini.

Comunicacao

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