As trabalhadoras e trabalhadores da Marisol decidiram acabar a greve, durante assembleia realizada ao final da tarde de ontem (13). A decisão foi tomada logo após a audiência do juiz do trabalho Luis Fernando Silva de Carvalho com representantes do Sindicato dos Trabalhadores do Vestuário (STIV), da Federação dos Trabalhadores de Santa Catarina (Fetiesc) e da empresa, na 1ª Vara do Trabalho de Jaraguá do Sul. Ao todo, foram quatro dias de paralisação. A empresa havia ingressado com Medida Cautelar de Interdito Probitório para evitar que os trabalhadores em greve permanecessem nas imediações da fábrica. No mesmo momento em que acontecia a audiência, os trabalhadores realizaram manifestação pelas ruas centrais da cidade com distribuição de uma carta aberta à população: “Greve revela a outra face da Marisol”, dizia o título do documento.
Na área da Saúde, a Marisol vai realizar estudos para melhorias no atendimento ambulatorial, ampliar a carga horária do clínico geral, de dois para três dias, realizar cursos de capacitação para profissionais de Enfermagem, como forma de humanizar o atendimento aos trabalhadores. São conquistas da greve. Além disso, a empresa deve encaminhar os casos graves de saúde aos hospitais somente através do Samu (Serviço de atendimento médico de urgência). Em termos de condições de trabalho, para amenizar o calor excessivo na produção a Marisol vai instalar mais 10 ventiladores em dois setores e tomará medidas para redução do ruído na fábrica. Fará, ainda, um estudo técnico na área do beneficiamento, como forma de reduzir a poluição, e garantiu que haverá a partir de agora uma avaliação permanente do ambiente de trabalho.
A empresa prometeu rever o programa de desenvolvimento “Jeito de ser”, a partir das queixas dos trabalhadores em relação ao tratamento desumano por parte das chefias, gerências e encarregados. Melhorias nas relações de trabalho a no relacionamento interpessoal serão medidas adotadas pela empresa e haverá acompanhamento pontual e individual para combater o assédio moral na empresa. “Não se ganhou muito, mas conquistamos a dignidade no trabalho”, avalia o presidente do STIVestuário, Gildo Antônio Alves, lembrando que “os trabalhadores enfrentaram quatro dias de greve, abaixo de sol e chuva, e todo tipo de ameaças dentro e fora da empresa”.
Remuneração
A Marisol deve corrigir as distorções salariais a partir de abril de 2013. Em um primeiro momento, aproximadamente 200 trabalhadores com mais tempo de empresa devem receber até 5% de reajuste salarial. Alega que isso representará impacto de 1,5% na folha de pagamentos. Nova pesquisa sobre a situação salarial será realizada no segundo semestre de 2013. Quanto ao reajuste salarial, a empresa demonstrou intransigência, seguindo orientação da Federação patronal, a Fiesc, para que o assunto fosse protelado até a negociação coletiva de trabalho, na data-base da categoria, em 1º de maio. “Isso aumenta a responsabilidade de todas as trabalhadoras e trabalhadores se fazerem presentes à Assembleia Geral de aprovação da pauta da reivindicações da campanha salarial”, convoca o presidente Gildo Alves. A Assembleia acontece às 9 horas do dia 23 de março (sábado), na sede do Sindicato (Francisco Fischer, 60).
Sem advertências
A Marisol não poderá impor advertência aos trabalhadores que participaram da greve. “Não caberia a punição (advertência) pela adesão ao movimento legítimo”, ponderou o juiz Luis Fernando da Silva Carvalho. Os dias não trabalhados serão descontados como faltas injustificadas, mas as horas do dia 8 de março (sexta-feira) não afetarão o pagamento do repouso semanal remunerado. Os demais dias serão descontados a partir da folha de abril, “no limite de um dia por mês”.