O sentimento é de humilhação entre os 34 trabalhadores das empresas Sadefe Malhas, Tompi-Tom e Estamparia 622 que foram surpreendidos com o fechamento das empresas no primeiro dia de trabalho após férias coletivas concedidas em 10 de dezembro do ano passado. Desempregados, os trabalhadores começam o ano com a preocupação de conseguir outro emprego e esperar que a Justiça assegure o pagamento dos salários de dezembro de 2014, do 13º salário e das férias que não foram honrados pelas empresas, localizadas no bairro Jaraguá Esquerdo, em Jaraguá do Sul e pertencentes ao mesmo grupo econômico. Na manhã de hoje (12), quando retornaram ao trabalho, todos foram informados que as empresas haviam fechado as portas.
A assessoria jurídica do STIVestuário orientou os trabalhadores a registrarem um Boletim de Ocorrência Policial e deve homologar as rescisões de contrato de trabalho para que o pessoal possa sacar o seguro desemprego. Também ingressará com Medida Cautelar com o objetivo de tornar indisponíveis os bens da empresa, como forma de assegurar o pagamento das verbas trabalhistas devidas. Os próprios trabalhadores vão permanecer em vigília, para que o patrimônio das empresas não seja dilapidado pelos patrões, até que o arresto dos bens seja determinado pela Justiça. O presidente do STIVestuário, Gildo Alves, e a vice, Rosane Sasse, estiveram no local e colocaram o Sindicato à disposição dos trabalhadores. “Façam contato em qualquer hora do dia”, adiantou Gildo.
Desespero e indignação
A auxiliar administrativa Maristela Bassani trabalhava há quatro anos na empresa Sadefe Malhas e lembra que os trabalhadores já estavam preocupados com a situação: “A gente tinha conhecimento de alguns problemas. No dia 10 de dezembro do ano passado o seu Osvaldo (proprietário) reuniu todos os funcionários e comunicou que a gente iria parar naquele dia porque não havia mais serviço e ele não tinha condições de pagar o 13º nem as férias”, recorda Maristela. “Mas ele garantiu que voltaríamos normalmente no dia 12 de janeiro, que ele não iria encerrar as atividades e daí a gente acertaria as pendências”. Na ocasião, o patrão “até chorou e todo mundo ficou emocionado”, conta a trabalhadora.
Encarregado da expedição na empresa Tompi-Tom, Fábio Aldrovandi ainda tinha esperanças de que a situação iria melhorar. “A coisa não andava bem há tempos, mas a gente apostava em retomada, até porque ele (Osvaldo) falou que iria vender a casa para quitar as dívidas, mas, enfim, deu no que deu”, lamenta Fábio, que calcula um prejuízo alto neste início de ano: “Só em pagamento dá uns R$ 3.500,00, mais o FGTS que, de um tempo para cá, ele não depositou mais”. Já a trabalhadora Roseli Silva está preocupada com o pagamento do aluguel, que já venceu: “Tenho uma dívida de R$ 500,00, fora o aluguel, eu contava com o décimo e as férias que iríamos receber hoje”. Estampador, com 16 anos de profissão, Jair de Borba desabafa: “Me sinto humilhado, ele poderia ter avisado a gente, pelo menos, mas nem apareceu na firma para dar satisfação”, critica o trabalhador, que era funcionário da Estamparia 622. (Foto em anexo: presidente Gildo Alves e assessoria jurídica do STIVestuário orientam os trabalhadores).