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POLÍTICA: Jurista revela o modelo de poder político que a extrema direita propõe ao mundo

Conforme ele, a extrema direita propõe ao mundo um mecanismo paulatino de erosão dos direitos da democracia

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“O começo do século XXI está sendo uma disputa entre humanismo e niilismo. O consenso político do pós-guerra já não é mais um consenso.  Os direitos humanos deixaram de ser um solo comum sobre o qual se dão as disputas políticas para ser uma clivagem entre o que a extrema direita chama de esquerda e o que nós chamamos de civilização contra a barbárie”. 

Pedro Serrano, jurista

Foi com essa comparação que o jurista Dr. Pedro Serrano, encerrou a sua análise sobre o crescimento da extrema-direita no Brasil e no mundo, durante uma palestra realizada na noite desta segunda-feira (24/06), na Assembleia Legislativa de Santa Catarina (ALESC), se constituindo em mais uma ação da campanha do manifesto ‘Mais livros, menos armas’, idealizado pelo Instituto Humaniza Santa Catarina, com o apoio de entidades sindicais e movimentos sociais, dentre os quais a Federação dos Trabalhadores nas Indústrias de Santa Catarina (FETIESC).

Na oportunidade, Serrano apresentou um retrospecto histórico da ascensão da extrema direita no mundo, como uma vertente do neoliberalismo na contemporaneidade. Conforme ele, há diferentes extremas direitas que reivindicam o nome de conservador, mas não são conservadores. Por natureza são reacionários que desejam uma ruptura violenta com as instituições do presente para uma volta ao passado idílico e imaginado. 

Ainda de acordo com o jurista, a extrema direita entende a realidade de forma simples e apresenta soluções dos problemas de maneira rasa, como por exemplo: resolver problemas da violência matando o bandido. Neste sentido, o ápice do autoritarismo da simplificação epistemológica é a constituição do ser idiota. “O idiota é o sujeito que compõe uma linguagem cujo sentido ele criou e só ele entende. É um sujeito que vai estabelecer sentido próprio para as coisas, divorciado do sentido comum. Vai ter um senso próprio de realidade, perverter o real e operar a destruição da sociabilidade”, conceitua. 

Neste sentido, ao considerar que não há sociabilidade sem o mínimo de senso lógico, Serrano advertiu que a defesa da ‘teoria da terra plana’ pelos extremistas, não é ingênua, ela tem uma função política de destruição da sociabilidade. 

“A extrema direita faz a construção do futuro de uma forma niilista, puramente estética. A construção de uma estética da destruição – que atrai e seduz. Ela não tem sentido, não tem programa, não tem solução. Ela nem está preocupada com isso. Ela atua com a ideia da destruição. Tem uma postura estética, mas não moral-política. Ela não pretende uma sociedade justa, mas sim pretende destruir o que está posto aí”, denuncia. 

Desta forma, compreende Serrano, o modelo de poder político que a extrema direita propõe ao mundo não é mais a ditadura, mas sim um mecanismo paulatino de erosão dos direitos da democracia por vários mecanismos.

“Estamos enfrentando uma nova forma de autoritarismo: mais cirúrgica, mais cotidiana, mais difícil de ser identificada, em que não basta ter conhecimento de economia e política, tem que conhecer direito também para poder identificar o fenômeno”, explica. Segundo ele, as medidas de exceção sempre vem com uma roupagem de cumprimento da democracia e do direito, mas no seu conteúdo material não são ações jurídicas, mas sim ações políticas tirânicas de perseguição ao inimigo. “São complexas porque são direitos e são democracia no plano estrutural, mas não são direitos nem são democráticas no plano material funcional. São medidas complexas, difíceis de analisar e às vezes de enxergar. O mesmo órgão que promove a defesa da Democracia (o STF, por exemplo) é o órgão que vai dilapidando e destruindo os direitos sociais e trabalhistas essenciais para a vida de um país pobre. Então é esse fenômeno complexo que estamos encarando de uma nova forma de autoritarismo, produto do neoliberalismo, e é isso que a extrema direita pretende realizar. Qual a finalidade? Nenhuma. Estritamente estética, destrutiva. Eles não têm nada para pôr no lugar, porque não é projeto deles pôr algo no lugar”, enfatiza.

A FETIESC esteve representada no evento pelos seus diretores Idemar Antonio Martini, Ednaldo Pedro Antonio e Landivo Fischer, além do assessor de formação sindical, Sabino Bussanello. 

Você pode assistir a palestra completa acessando: https://www.youtube.com/live/6UKOUTDr2fM 

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Imprensa Fetiesc

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