Secretaria da Mulher comemora 15 anos

Secretaria da Mulher comemora 15 anos de organização coletiva

Florianópolis – O plenarinho da Assembléia Legislativa esteve lotado durante a solenidade em comemoração aos 15 anos da Secretaria da Mulher da Fetiesc, nesta manhã (13). Na ocasião foi lançada a terceira edição da Revista Desperta Mulher, publicação que tem por objetivo debater e informar a sociedade sobre os temas mais relevantes relativos ao universo feminino, especialmente os que dizem respeito às mulheres trabalhadoras da base da Federação. Prestigiaram o evento as deputadas representantes da bancada feminina na Alesc – Ângela Albino (PCdoB), Dirce Heiderscheidt (PMDB) e Luciane Carminatti (PT), além da representante da deputada Ana Paula Lima (PT) -, e os deputados federal, Pedro Uczai, e estadual, Neodi Saretta, a coordenadora especial de políticas públicas para mulheres, Selma Westphal, e ainda o presidente da Fetiesc, Idemar Antônio Martini, e a secretária da Mulher, Elfi Hiller.

“Somos maioria em um país comandado por uma mulher, a força está em nós mesmas”, discursou a Selma Westphal, criticando a violência física e psicológica vivida no dia a dia pelas mulheres: “Desperta mulher, exija seus direitos e venha participar da Conferência Estadual de Políticas para Mulheres, em outubro”, convidou Selma, conclamando todas a “mudar uma cultura patriarcal existente no país”.

O deputado federal Pedro Uczai destacou a luta da Secretaria da Mulher da Fetiesc e lembrou que em seu próprio gabinete de trabalho, em Brasília, “a maioria são mulheres”. O deputado convocou as mulheres a serem protagonistas – “ninguém cede nada, a conquista vem sob pressão, a relação homem e mulher na sociedade é conflitiva”, disse. Pedro Uczai também destacou a reforma política, em curso: “Se a emenda for aprovada, 35% das vagas de deputada federal serão de mulheres, ou seja serão menos 140 homens na Câmara Federal”. Uczai defendeu ainda o voto em lista e o financiamento público de campanha.

Construção da igualdade

A deputada Luciane Carminatti também considera o financiamento público de campanha uma mudança importante da reforma política: “Hoje a mulher depende do companheiro até para encher o tanque de gasolina, no carro, por isso, renda é autonomia, sim”, exemplificou, advertindo que “o empoderamento das mulheres é uma construção coletiva e que o Sindicato dá mais coragem para as mulheres ocuparem seus espaços”. Luciana Carminatti lembrou que o PT aprovou em seu Congresso Nacional a distribuição igualitária de vagas aos cargos eletivos, a cota de 20% de negros e a limitação de candidaturas dos representantes do Partido em três mandatos consecutivos.

Líder da bancada feminina na Alesc, a deputada Ângela Albino citou dados estatísticos sobre a Fetiesc: “A Federação é a primeira no estado a implantar a Secretaria da Mulher, em junho de 1996, e dos cerca de 250 mil trabalhadores da base da Fetiesc 63% são mulheres”. Ângela contextualizou o cenário à época da criação do Departamento da Mulher, citando o massacre dos Trabalhadores sem Terra, em Eldorado do Carajás, no Brasil, o fim do apartheid, na África do Sul, e quando apenas 6% das prefeituras brasileiras eram administradas por  mulheres. “Na ocasião, a Fetiesc já debatia o sistema de cotas na legislação eleitoral, discutia os problemas das mulheres nos locais de trabalho”, destacou a deputada. “Hoje, temos a primeira mulher presidenta, 33% das famílias são chefiadas por mulheres, administramos 9,07% das prefeituras. Já a Fetiesc há muito possui em seus estatutos a cota mínima de 30% de mulheres em sua direção. Por tudo isso, homenageamos as mulheres sindicalistas da Fetiesc e do chão de fábrica”, agradeceu a deputada.

Maioria em diversas categorias

A secretária da Mulher da Fetiesc, Elfi Hiller, resgatou a história da Secretaria da Mulher e as diversas lideranças femininas fomentadas pela Federação, nesses 15 anos: “Enfrentamos muitas adversidades, o desemprego atinge mais as mulheres, os homens recebem mais pela mesma função executada pelas mulheres e ocupam os principais postos de trabalho”, criticou Elfi, lembrando que na Região Sul do país a situação é ainda mais grave: “A média salarial das mulheres é de R$ 665,00, embora em algumas categorias, como no Vestuário, por exemplo, sejamos 80% dos trabalhadores”.

Entre as principais metas do mandato, a secretária da Mulher da Fetiesc destacou “a defesa da saúde da classe trabalhadora, com o fortalecimento do Movida (Movimento em Defesa da Saúde e Segurança da Classe Trabalhadora Catarinense), a criação de secretarias da Mulher nos sindicatos filiados e a maior participação da mulher na política partidária: “Esta data é muito significativa, vamos memorar juntas para avançar na luta pelo bem-estar da classe trabalhadora”, finalizou Elfi.

O presidente da Fetiesc, Idemar Antônio Martini, destacou a organização do evento na Assembleia Legislativa e a participação das entidades sindicais filiadas à Federação, para lembrar que hoje em dia é inimaginável uma Federação de Trabalhadores que não abra espaço para as mulheres: “Nosso desafio maior é fazer com que os sindicatos abracem esta luta e instituam cotas de presença de mulheres em seus quadros de direção”, finalizou o presidente.