Lideranças do movimento de mulheres da Santa Catarina prestigiaram a solenidade de lançamento da Revista Desperta Mulher, nesta sexta-feira, às 9 horas, no Centro de Educação Sindical da Federação, em Meia Praia, Itapema. A revista é publicada anualmente da Secretaria da Mulher da Federação dos Trabalhadores nas Indústrias de SC (Fetiesc), que celebra seus 60 anos no dia 12 de dezembro. “A Secretaria faz parte dessa história, das mulheres que ainda hoje continuam contribuindo para continuarmos nossas lutas”, afirmou a secretária da Mulher, Elfi Lemke Hiller, citando os 180 dias de licença maternidade, hoje exclusivos das servidoras federais. “As trabalhadoras do setor privado não têm esse direito, precisam arrumar a bolsinha da creche e lá deixar o filho com três, quatro meses de idade, e falo isso por experiência própria, porque sempre trabalhei no setor do vestuário e tive a sorte de poder levar a filha para a casa de minha mãe, que muito me apoiou”, contou Elfi, “está na hora de tirar esse direito do papel e garantir para todas as mulheres”.
A secretária da mulher lembrou dos principais temas de debate inseridos na Revista Desperta Mulher e que fazem parte das bandeiras de luta da Fetiesc, como igualdade salarial, saúde da mulher, creches públicas de qualidade – “as mulheres enfrentam filas para o ano quem vem, sem saber se haverá vaga”, repudia Elfi -, combate ao assédio moral e sexual e violência doméstica. “As mulheres se manifestam, denunciam, mas o Estado não tem estrutura necessária para acolher a vítima e as famílias”, critica, “além de agredidas, voltamos sempre ao local de risco”. Elfi Lemke Hiller resgatou também as conquistas mais marcantes das mulheres brasileiras desde a década de 80 do século passado: em 1983, criação dos Conselhos da Condição Feminina, 1985 instalação da primeira delegacia da mulher, em 1988, a Constituição Federal que assegurou à mulher o direito de manifestar sua posição política e opinião, e 1996, com o sistema de cotas (hoje, em 30%), nas chapas proporcionais às eleições. Elfi também destacou a Lei Maria da Penha e a destinação de recursos recursos para enfrentamento à violência, a partir de 2010. “Quando alguém evolui, evolui tudo o que está a sua volta, nós, da Secretaria da Mulher da Fetiesc temos boas razões para merecer o respeito e a confiança daqueles com quem convivemos”.
Também estiveram presentes a secretária de Assistência Social da Prefeitura de Itapema, Rita Carolina Werner Wollingr, as representantes das deputadas Ana Paula Lima, Valéria Carvalho e Luciane Carminati, Santina Marafon, e da bancada feminina da Alesc, Vera Fermiano, que também é presidente da Casa da Mulher Catarina, a coordenadora do Programa Mulheres do Conselho da Mulher de Itapema, Marta Fratini da Silva, além da ex-secretária da Mulher da Fetiesc, Marli Leandro, eleita vereadora de Brusque nas últimas eleições. “Temos muito a celebrar, são 60 anos de Fetiesc, com 300 mil trabalhadores representados, sendo a maioria mulheres”, destacou a secretária Valéria Carvalho, “e ninguém suporta ver a mulher ganhar menos do que o homem, não ter acesso a cargo de chefia, nem direito à creche, por isso a luta da Federação, de discutir a questão de gênero em todos os sindicatos, é fundamental”. As demais mulheres que se manifestaram ressaltaram as dificuldades de discutir a questão de gênero com as mulheres e a falta de estrutura do estado em atender à população feminina (Casas-abrigo, construídas pelo governo federal e mantidas pelos municípios, delegacias especializadas em criança, adolescente, mulher e idoso, etc).
A vereadora eleita Marli Leandro resgatou o ano de 1996, quando o departamento da mulher foi criado, na Federação. “Éramos poucas, mas reuníamos para discutir as lutas das mulheres e essa revista contém todas as nossas bandeiras de luta” -igualdade, violência, licença maternidade, tripla jornada. “Devo ao movimento sindical minha eleição a vereadora, a consciência critica para entender a sociedade dividida em classes, levarei isso ao novo espaço que é o parlamento”, lembrou Marli. O presidente da Fetiesc, Idemar Antônio Martini analisou que nesses 16 anos de Secretaria da Mulher ainda não foi possível sensibilizar os homens de que as mulheres devem conquistar o espaço que lhes cabe. “Até quando buscar a tão sonhada igualdade?”, questionou, citando o trabalho de conscientização política adotado pela Fetiesc para os seus sindicatos filiados. “Ainda temos muito a equiparar direitos e para acabar com uma cultura enraizada de machismo, mas estamos no caminho certo”, disse o presidente da Fetiesc.
(Foto abaixo: mesa diretora da solenidade; secretárias da Mulher da Fetiesc, Marli e Elfi; coletivo de mulheres da fetiesc).