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Trabalhadores e patrões não chegam a acordo sobre o reajuste para o Piso Salarial Estadual

A comissão de trabalhadores, formada por representantes das centrais sindicais e federações de Santa Catarina, rejeitou a contra proposta das federações patronais de repassar apenas a variação da inflação para o reajuste do Piso Salarial Estadual. Durante a primeira rodada de negociação, realizada na tarde de ontem (1º), na sede da Federação das Indústrias de (Fiesc), em Florianópolis, os patrões alegaram que não há crescimento na economia nacional e sequer analisaram a proposta da comissão, que é de 15% de reajuste para todas as quatro faixas salariais do Piso. A inflação do período, restando ainda os meses de novembro e dezembro de 2014, é de 6,34%. Nova rodada de negociação está marcada para o dia 16 de dezembro, na Fiesc.

Os representantes da classe trabalhadora defendem o reajuste de 15% como forma de resgatar as perdas inflacionárias desde 2009, quando o Piso entrou em vigor, e igualar os valores com o estado do Paraná. De acordo com o Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), o mínimo necessário para a sobrevivência de uma família formada por quatro pessoas deveria ser de R$ 2.800,00. O Piso estadual catarinense é o único negociado entre patrões e trabalhadores (nos demais estados a iniciativa sobre o reajuste cabe ao governo estadual). O supervisor técnico do Dieese, José Álvaro Cardoso ponderou que os salários têm tido ganho real há vários anos e que isso também é decorrente da política de valorização do Salário Mínimo. “Estamos a favor da correnteza, com ganhos modestos, mas com reajustes melhores nos pisos salariais””, disse o economista, lembrando que o país mantém crescimento econômico porque ampliou o mercado consumidor interno.

Para José Álvaro, existe grande diferença entre os indicadores econômicos e sociais do Brasil, “que são razoáveis”, e a percepção da sociedade, influenciada pela grande mídia “que transforma coisas boas em ruins”. O supervisor do Dieese lembrou que o país saiu do mapa da fome, em setembro deste ano, recebendo inclusive prêmio da ONU (Organização das Nações Unidas), retirou 3,4 milhões da linha da pobreza e é hoje a sétima economia mundial, com o melhor indicador de mercado de trabalho em sua história. José Álvaro também valoriza o Bolsa Família como uma transferência de renda eficaz e que consome apenas 0,4% do Produto Interno Bruto (PIB) do país. “Problema sério, mesmo, é a dívida pública, que representa 5% do PIB”, acrescentou. Para finalizar, argumentou que o peso dos salários no custo das empresas, no Brasil, é de apenas 22%. Mas as visões são diferentes. Os patrões, que pela primeira vez tiveram representação da classe patronal hospitalar na mesa de negociação, consideram que houve uma “ruptura” em 2014 e que “a realidade mudou”. A proposta de reajuste dos trabalhadores para valores do Piso Salarial Estadual, a partir de 1º de janeiro de 2015, é a seguinte:

– faixa I: de R$ 835,00 para R$ 961,00;

– faixa II: de R$ 867,00 para R$ 997,00;

– faixa III: de R$ 912,00 para R$ 1.050,00 e

– faixa IV: de R$ 957,00 para R$ 1.100,00.

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