“A luta por saúde mental passa por uma luta anticapitalista e de libertação nacional anticapitalista porque só uma sociedade igualitária pós-capitalismo é capaz de produzir um sujeito emancipado”, enfatizou Mateus Graoske Mendes, um dos palestrantes do evento
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Neste ano, a retomada das edições presenciais do Movimento em Defesa da Vida, Saúde e Segurança da Classe Trabalhadora (MOVIDA), contou com a participação do psicólogo clínico do Sindicato dos Trabalhadores do Poder Judiciário de Santa Catarina (SINDUSC), Mateus Graoske Mendes, o qual teceu uma dura crítica ao modelo neoliberal de produção adotado pela sociedade, e fez a plateia refletir sobre como esse sistema atinge a forma de ‘ser feliz’.
Isso porque, conforme ele, o neoliberalismo nega a sociedade de classe e baseia todo o pensamento sobre a meritocracia e o afrouxamento das instituições de Estado e acentua os abismos sociais, aumentando a pobreza.
“Essa nova política de gestão não mais protege o trabalhador do sofrimento como nos tempos do pensamento liberal, em que um trabalhador em sofrimento poderia gerar a diminuição ou a parada de sua produtividade. No modelo neoliberal os trabalhadores, além de não estarem mais protegidos do sofrimento, passam ser ‘incentivados’ a fim de gerar mais produtividade por medo da demissão, do assédio e de todas mazelas advindas dos contratos precários de trabalho aliados à política de competitividade dentro dos ambientes corporativos, das linhas de produção e do serviço público”, denuncia Mateus Mendes ao apontar que o neoliberalismo se constituiu em um modelo perverso de gerenciador do sofrimento psíquico.
Diante desta concepção, Mateus Mendes acredita não ser possível pensar em saúde mental para os trabalhadores e trabalhadoras sem considerar um novo modelo de sociedade. A isso, ele compreende que o sindicato é uma ferramenta com capacidade de agir porque reúne a confiança dos trabalhadores que se organizam juntos à esta entidade de classe.
“O neoliberalismo produz uma sociedade individual em que o ser humano deseja de acordo com as suas necessidades individuais; de outro lado o socialismo, produz uma sociedade coletiva, de acordo com as necessidades do sujeito social: o sujeito de classe”, explica.
Ainda decorrente do modelo neoliberal, Mateus Mendes denunciou o fato de atualmente a classe trabalhadora ser vítima de violência e do assédio moral no trabalho, as quais se constituem como ferramentas que engendram a possibilidade da hiperprodução, do estabelecimento de metas muito audaciosas através do afeto de controle mais usado: o medo. Conforme ele, o neoliberalismo faz uma espécie de gerenciamento do sofrimento mental, ou seja, aposta no sofrimento como forma de provocar maior produção, pois o medo de perder o emprego, de ser mal visto pelos colegas ou de levar reprimendas dos chefes faz com que trabalhadores e trabalhadoras se sobrecarreguem.
“Em busca da ‘excelência do trabalho’ e da ‘qualidade total’, a gestão por metas se tornou uma das principais responsáveis pelo adoecimento mental de trabalhadores. O gerenciamento por metas envolve ao menos quatro indicadores: produção, assiduidade, parâmetros de qualidade e redução de custos. O que se propaga com esta lógica é a individualização do trabalhador, a competitividade e a vigilância entre colegas de trabalho. Quebra desta forma, todo um ‘tecido de solidariedade’ que poderia (e deveria) haver entre a classe trabalhadora. O resultado de tudo isso é o adoecimento mental”, explica o psicólogo que complementa que o desmonte dos direitos trabalhistas impostos pelos governos neoliberais de Temer e Bolsonaro, é o grande vilão responsável pelo sofrimento mental que acomete uma parcela cada vez mais crescente da classe trabalhadora brasileira.
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