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INTERSINDICAL: Sindicalistas analisam propostas de acordos internacionais e seus reflexos para a classe trabalhadora

“Nossa elite econômica se move numa contraversão gigantesca: com bolso na China e cultura nos EUA”, disse Adherbal Mineiro

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Na tarde desta terça-feira (19/03), o auditório da Federação dos Trabalhadores nas Indústrias de Santa Catarina (FETIESC), em Itapema, reuniu dezenas de dirigentes sindicais de todo o Estado, representantes de várias categorias, para a discussão proposta pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), para tratar acerca “A nova política industrial e o acordo comercial União Europeia – Mercosul”. 

As considerações sobre o tema foram expostas pelo técnico do Dieese, Adherbal Mineiro, via videoconferência, o qual traçou uma retrospectiva sobre o histórico do Mercosul, culminando com a proposta do acordo com a União Europeia (UE), o qual foi retomado com força nos governos neoliberais e entreguistas de Temer e Bolsonaro a quem os europeus propuseram um protocolo adicional com vistas a produção de forma sustentável. Conforme ele, as tratativas de Bolsonaro aprofundariam o modelo de produção concentrador de renda, riqueza e poder – bancado pelo agro – e que operam o Estado a partir dos seus próprios interesses.

Com o retorno de Lula ao poder, conforme Adherbal, ele interpreta esse protocolo adicional como uma desqualificação dos países do Mercosul, uma vez que o acordo favoreceria a UE, impondo a vocação de o Mercosul ser um mero exportador de commodities e um importador de produtos de alto valor agregado. 

Neste cenário, desde a posse de Lula, o Governo Federal brasileiro vem rediscutindo o protocolo adicional, analisando outras questões além da proteção ambiental, como as garantias à agricultura familiar e a permissão, ou não, de empresas europeias participarem de processos licitatórios para venda de mercadorias e serviços aos órgãos públicos brasileiros . 

No entanto, o técnico do Dieese avalia que do jeito que tal acordo está não é bom para o Brasil e os países do Mercosul por duas razões: desconhece as mudanças tecnológicas e geopolíticas dos países e por trazer impactos ambientais sem precedentes, pois intensificaria a extração de minérios e a grande agricultura exportadora ampliando as áreas de cultivo sobre áreas e reservas ambientais, quilombolas, indígenas, etc. “Além disso, contabiliza-se  o impacto do ponto de vista de intensificação da agricultura, com o uso de mais defensivos agrícolas e venenos que são proibidos na UE, mas que são exportados para cá. Tudo isso causaria um impacto gigantesco nos recursos hídricos brasileiros que são cada vez mais escassos”, considera Adherbal. 

Além disso, Adherbal adverte que, caso concretizado, o referido acordo teria impactos negativos para a agricultura familiar, especialmente nas áreas de leite e derivados de uva, onde a UE é destaque. Já no que tange à indústria e ao desenvolvimento  ele avalia que os países da UE determinam o preço; diferentemente dos países do Mercosul que tem sua economia fundamentada em produtos primários (como o soja, por exemplo) – cujos preços são determinados pelo mercado internacional – e pela indústria de baixo valor agregado. Tal situação, aliado a questões geopolíticas e tecnológicas dos últimos anos, faz com que os países do Mercosul tenham desvantagens competitivas.

Ao afirmar que a elite brasileira “Se move numa contraversão gigantesca: com bolso na China e cultura nos EUA”, Adherbal avalia que o acordo com a UE, nos moldes que está,  intensifica coisas ruins para o Brasil, reforçando a precarização do trabalho, acentuando os prejuízos ambientais e, significa uma ameaça para alguns setores como o caso da agricultura familiar. 

Diante destes alertas, o presidente da FETIESC, Idemar Antonio Martini, destacou a relação de coisas negativas advindas com o acordo  e considera prudente que o Governo Federal tenha sustado as negociações com a UE. Diante de tamanhos riscos, ele propôs uma nova discussão entre os dirigentes sindicais, inclusive com representantes do Governo Federal, para que possam se apropriar destas negociações e que as vozes da classe trabalhadora sejam ouvidas. “Pelo visto, a elite quer que continuemos sendo um país de exportação de commodities”, considerou ele ao destacar  a premente retomada do movimento sindical para se integrar em nível de Mercosul, conversando com dirigentes e trabalhadores de países vizinhos, restabelecendo parcerias internacionais para a formação de temas correlatos aos acordos internacionais e à indústria. 

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