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MOVIDA 2023: Sindicalistas de Santa Catarina se reúnem em movimento na defesa da vida, da saúde e da segurança da classe trabalhadora

O encontro realizado na manhã desta sexta-feira contou com a participação da deputada estadual, Luciane Carminatti e do médico trabalhista Roberto Ruiz

Aconteceu na manhã desta sexta-feira (28/04) o primeiro seminário de 2023 promovido pelo Movimento em Defesa da Vida, Saúde e Segurança da Classe Trabalhadora Catarinense (MOVIDA), alusivo ao Dia Mundial em Memória às Vítimas de Acidentes e Doenças Relacionadas ao Trabalho.  Articulado pela Federação dos Trabalhadores nas Indústrias de Santa Catarina (FETIESC), contando com a presença de uma centena de dirigentes sindicais e trabalhadores de todo o Estado, o evento também contou com a participação da Deputada Estadual, Luciane Carminatti (PT-SC) e do médico trabalhista Roberto Ruiz, os quais compuseram a mesa de debates e suscitaram uma série de reflexões expondo os números que colocam o Estado de Santa Catarina no quinto lugar do ranking dos maiores números de acidentes de trabalho . Por aqui, somente em 2021 foram 38,6 mil registros, com 166 óbitos, sendo que as principais causas são quedas, esforço repetitivo, contaminação, choques elétricos e falta de equipamentos de proteção. 

Na oportunidade, o presidente da FETIESC, Idemar Antonio Martini, manifestou o seu entusiasmo ao poder reviver o MOVIDA, após o longo período da pandemia que imobilizou essa mobilização da classe trabalhadora na defesa da saúde e da vida. Conforme ele, atualmente esse movimento é fundamental levando-se em consideração a situação precária a que os trabalhadores brasileiros foram expostos nos últimos anos pelos desmandos dos governos neoliberais. 

Martini também propôs que durante todo o ano as entidades sindicais permaneçam mobilizadas com essas causas para que em 2024 os trabalhadores possam sair às ruas, em uma grande mobilização, buscando levar à sociedade informações sobre esse mal que acomete milhares de vidas todos os anos. “Estamos em defesa de uma sociedade sadia! É preciso nos unirmos a outros órgãos e federações e centrais sindicais para ampliarmos essa discussão”, incentiva. 

Por sua vez, o Secretário da Saúde do Trabalhador da FETIESC, Gabriel Fantin, ratificou o seu entendimento de que a vida do trabalhador é a coisa mais importante que se tem. Segundo ele não há valor que pague um minuto da vida do trabalhador, neste sentido é que se torna fundamental a classe trabalhadora se manter unida na luta para que nenhuma vida seja perdida, em detrimento do aumento do capital e dos lucros.  

Corroborando com o exposto, o presidente do STI Plásticos e Químicos de Brusque, Ednaldo Pedro Antônio, destacou o engajamento da FETIESC com outras instituições públicas, dentre as quais destaca a Assembleia Legislativa do Estado, em ações estratégicas que valorizam essa temática.

SAÚDE DA MULHER – Durante o seminário a presidente do STI Vestuário de Timbó, Elfi Lemke, relatou a degradação da saúde das trabalhadoras da categoria as quais são vítimas dos problemas ergonômicos a que são submetidas no chão de fábrica. Conforme ela, esses problemas, somados à pressão pela produção rápida e cada vez maior, expõe essas trabalhadoras em condições insalubres de trabalho. 

Tal problemática foi ratificada pela presidente do STI Vestuário de Rio do Sul e região do Alto Vale do Rio Itajaí, Zeli da Silva, que destacou a importância de se incorporar essas questões de gênero no MOVIDA, isso porque, conforme ela, a mulher adoece muito mais devido as múltiplas jornadas de trabalho a que é exposta. 

CIPA NO PAPEL – Outra questão abordada pelos dirigentes sindicais é a condição a que estão submetidas as Comissões Internas de Prevenção de Acidentes de Trabalho (CIPA´s) das empresas. 

Sobre este caso, o presidente do STI Papel de Campos Novos, Jocil Pedro Pereira, denunciou que a maioria das empresas não se preocupa em garantir a segurança dos seus funcionários. Conforme ele, o presidente da CIPA é escolhido pelo patrão para defender a empresa e não o bem-estar dos trabalhadores.

Nesta mesma seara o assessor jurídico da FETIESC, André Bevilaqua, destacou a importância de o movimento sindical se aproximar dos membros das CIPA´s para que eles estejam envolvidos neste movimento de defesa da saúde do trabalhador e denunciando aos sindicatos os casos de subnotificações dos acidentes que ocorrem nas empresas bem como os casos em que os trabalhadores são colocados em espaços inadequados. 

LUTA SINDICAL – Por sua vez, o assessor de formação da FETIESC, professor Sabino Bussanello, defendeu a retomada do MOVIDA de modo mais contundente, de modo que a classe trabalhadora e as entidades de classe tenham a lucidez para tomarem uma decisão política de colocar esse debate em pauta constante, de modo que se possa acumular forças para fazer um grande movimento público no próximo ano.

Conforme Bussanello, nesta semana a FETIESC esteve em Brasília em audiência no Ministério do Trabalho, a quem apresentou alternativas para o restabelecimento dos direitos sindicais e trabalhistas suprimidos nos últimos anos, bem como o projeto a criação de uma Escola de Formação e Qualificação de homens e mulheres da classe trabalhadora, tendo em vista que “Nosso sonho é que a classe trabalhadora seja a maioria no parlamento e que lá defenda essa maioria que sofre, que produz e gera riquezas, exposta a perigos constantes”.

No mesmo sentido, o representante da Nova Central Sindical de Trabalhadores (NCST), Izaias Otaviano, aproveitou-se do momento para destacar a importância de as lideranças sindicais assegurarem a saúde dos seus trabalhadores associados. Conforme ele, “Não podemos mais jogar a responsabilidade para outras esferas. Os dirigentes sindicais têm a responsabilidade de cuidar da saúde e da segurança de quem ele representa, logo ele tem o dever de chegar na empresa e cobrar isso”, destacou. 

O mesmo sentimento foi compartilhado pela Secretária de Saúde do Trabalhador da NCST, Marcia Regert, a qual lamentou o fato de que neste Dia Mundial em Memória às Vítimas de Acidentes e Doenças Relacionadas ao Trabalho, a classe trabalhadora só lamenta pelas perdas e mortes, mas não age – por medo dos seus empregadores. “Acredito que já passou da hora de lamentarmos, para fazermos ações que mudem essas estatísticas negativas. Para tanto, gostaria não apenas de campanhas, mas sim de ações para que, num curto período de tempo, essas estatísticas passem a ser positivas”, finalizou. 

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