Prof. Sabino Bussanello
Assessor de Formação Sindical da FETIESC
Atentai! O Globo desta segunda-feira (21/08) trouxe a notícia que, do jeito que está posta, além de enfraquecimento poderá gerar o linchamento do movimento sindical brasileiro.
Não é de hoje que há uma ojeriza ao movimento sindical laboral, patrocinada tanto pelos setores patronais quanto pela imprensa que repudia tudo o que emana do povo.
A divulgação da notícia de que há, dentro do Governo Lula, um projeto para trazer de volta a contribuição sindical obrigatória para toda a classe trabalhadora representa mais um estopim para que os próprios trabalhadores se voltem contra o movimento que lhes defende. Afinal, poucos são os trabalhadores e as trabalhadoras que têm consciência da luta de classe e das conquistas da organização sindical laboral na defesa dos direitos, da saúde e da vida de todos.
Além disso, não podemos esquecer que fomos jogados no pântano pelas ações golpistas e neoliberais introduzidas por Temer e Bolsonaro nos últimos tempos, dizimando direitos e nos colocando na defensiva.
Agora que voltamos a ter esperanças, eis que, mais uma vez, eles se antecipam para colocar a classe trabalhadora contra o sindicalismo. De protetor e parceiro, ardilosamente, nos colocam como usurpadores da renda do trabalhador, o qual, conforme a reportagem “ trabalhará três dias por ano para sustentar o movimento sindical”. Cá pra nós, em um país mergulhado na fome, desemprego e alta carga tributária, qual trabalhador em sã consciência concordará com essa proposta, por mais legal que ela seja? Por isso repito: essa proposta se constitui em uma armadilha de emparedamento e linchamento do sindicalismo brasileiro, do qual temos que fugir.
É claro que o movimento sindical brasileiro deve ser reestruturado de modo a assegurarmos a democracia, por meio de um equilíbrio entre o capital e o trabalho. No entanto, a meu ver, a tão necessária contra reforma trabalhista e previdenciária não pode se reduzir à sanha arrecadatória. Pelo contrário, nossa luta deve ser pautada, em primeiro lugar, pela restauração dos direitos surrupiados da classe trabalhadora. Nos embrenhar neste ‘canto da sereia’ de apenas arrecadar aos custos do suor dos trabalhadores e das trabalhadoras é uma armadilha das elites e dos setores patronais para fazer com que eles se voltem contra a gente.
Há tempo e coletivamente, entidades sindicais laborais se reúnem pelo Fórum Sindical Ampliado (FSA) na defesa intransigente de uma contra reforma trabalhista. Nossas propostas consistem tecnicamente em quatro aspectos principais: a) a recuperação do arcabouço de direitos laborais (injustamente golpeados pelos governos Temer e Bolsonaro); b) defesa intransigente da atual estrutura sindical (unicidade) inclusive garantindo a prerrogativa dos sindicatos fiscalizarem e homologarem as rescisões contratuais; c) fortalecimento da justiça do trabalho como o órgão que garante o equilíbrio entre o capital e o trabalho e, por fim; d) a sustentação das entidades sindicais, inclusive a patronal, por valores estabelecidos em assembleia e destinado ao custeio de negociações coletivas de trabalho, que beneficiem todos os integrantes da categoria.
Acredito que essas propostas já entregues pelo Fórum aos representantes do Governo Federal constituem os pilares centrais para restaurarmos as forças do movimento sindical, bem como para nos reaproximarmos da classe trabalhadora, engajando-os na nossa luta coletiva.
Não nos enganemos com a elite! Antevejo que está em curso um plano para soterrar de uma vez por todas o nosso movimento, sob a batuta de um Presidente sindicalista!
Há séculos o capital nos reprime e, agora, mais uma vez, se não vigiarmos, fará de tudo para deixar a classe trabalhadora contra nós!
Mantenhamos em punho a bandeira de luta pela garantia e fortalecimento dos direitos trabalhistas, promovendo condições laborais dignas, equidade e justiça no ambiente de trabalho.
Mantenhamo-nos solidários para que nossa voz e ação coletiva possam iluminar a formulação de estratégias consistentes e condizentes com um novo sindicalismo adaptado às mudanças no mundo do trabalho e aos novos desafios contemporâneos: um sindicalismo renovado, dinâmico e de luta!