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“O sindicato só existe porque acredita na solidariedade“

Oswaldo Miqueluzzi, advogado trabalhista e professor, propõe novos pautas para a consolidação do sindicalismo brasileiro

A segunda parte do primeiro seminário de formação promovido neste ano pela Federação dos Trabalhadores das Indústrias do Estado de Santa Catarina (FETIESC), iniciou na tarde desta terça-feira (04/04) com a participação do advogado trabalhista e professor, Oswaldo Miqueluzzi, o qual aprofundou as reflexões sobre as perspectivas e os desafios do sindicalismo brasileiro perante o novo mandato do Presidente Lula. O evento reúne dirigentes sindicais de todo o Estado e pela manhã contou com a palestra do economista Maurício Mulinari, do DIEESE/SC.

Com vasta experiência nas bases sindicais, Miqueluzzi fez uma apresentação resgatando a importância do movimento sindical brasileiros e, aos dirigentes que o prestigiavam, iniciou dizendo que: “O sindicato só existe porque acredita na solidariedade. O movimento sindical luta pelo coletivo, logo o dirigente sindical deve ser íntegro, saber ouvir e ter paciência”.

Fazendo uma leitura da atualidade brasileira, o professor disse ser cônscio de que há uma clara divisão do país, logo enfatiza que é responsabilidade dos sindicalistas fazerem com que essa segmentação seja cada vez menor, isso porque, conforme ele, enquanto essa divisão existir a pátria não encontrará o caminho para alcançar a felicidade.

Frente o exposto, considerando a sua experiência, o professor apresentou algumas orientações para o fortalecimento das bases sindicais, como estabelecer laços de amizade, com confiança e sem julgamentos; ou seja, ouvindo e respeitando a todos atribuindo sentido ao que foi dito pelo outro, afinal, o trabalho em equipe só é possível com respeito às regras e com boa conduta.

Adiante, Miqueluzzi destacou a importância de se promover o trabalho de base, esforço esse que, para alguns, pode parecer ser invisível, no entanto compreendido como o alicerce da luta para estabelecer os legítimos defensores dos direitos dos trabalhadores, oferecendo a eles oportunidades de um processo coletivo de aprendizagem e formação.

Numa conversa com as lideranças sobre os desafios atuais evidenciou-se que a individualização do direito e não mais dos interesses coletivos é o que afasta o trabalhador do movimento sindicalista o qual foi demonizado pelos governos anteriores. Neste diapasão o palestrante considerou também que um dos efeitos do neoliberalismo é justamente fazer com que aquele trabalhador que não se dá bem se sinta culpado por isso. Do mesmo modo, na atualidade o trabalho não é mais o centro de atenção dos indivíduos, isso porque o modelo atual não mais enobrece as pessoas, dentre tantos fatores pelas condições ruins que não mais lhe satisfaz e gera infelicidade.

Frente aos desafios desta realidade, o professor Miqueluzzi sugere aos dirigentes estabelecerem pautas adequadas, de interesse das pessoas, dentre as quais relaciona: a redução da jornada de trabalho semanal para 40 horas; estabelecer critérios de aposentaria conforme a remuneração e outras variáveis e não apenas a idade; bem como lutar pela questão política fiscal brasileira, onde o trabalhador paga mais imposto do que os ricos.

 

Imprensa Fetiesc

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