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IMPASSE: Negociação salarial unificada dos trabalhadores dos setores de materiais plásticos encerra sem acordo: proposta “beira a ofensividade”

 

Lideranças dos trabalhadores rejeitaram a proposta patronal que deve se manifestar novamente até o final de maio

Uma semana após a primeira rodada de negociação salarial unificada, os dirigentes dos sindicatos patronais e dos trabalhadores dos setores de materiais plásticos voltaram a se reunir nesta terça-feira (18/04), na sede da Federação dos Trabalhadores na Indústria de Santa Catarina (FETIESC), em Itapema, na tentativa de fechar o acordo para o ano-base.  

Além da correção salarial com base no Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) acumulado nos últimos 12 meses, correspondente a 4,36%; os trabalhadores do setor reivindicam como carro chefe o aumento real de 3%; a concessão do benefício de cesta básica no valor de R$ 250; um abono salarial de R$ 300; a fixação do piso salarial da categoria em R$ 2 mil e a homologação de rescisões contratuais nos sindicatos, independentemente do tempo de contrato. 

O interlocutor do Sindicato da Indústria de Material Plástico de Santa Catarina (SIMPESC), Vernon Luiz Campos, relatou que a proposta dos trabalhadores foi examinada pela base empresarial a qual manteve apenas a concessão do reajuste salarial e do piso da categoria pelo INPC bem como a renovação das demais cláusulas da convenção coletiva em vigor. 

Diante o impasse, o presidente da FETIESC, Idemar Antonio Martini, afirmou que “A proposta patronal não é ofensiva, mas beira a ofensividade”. Conforme ele “Essa proposta não nos serve. Conceder uma cesta básica ao trabalhador é matar a fome de quem produz. Trata-se de um ganho indireto sem acarretar em encargos para a empresa. Se queremos ser seres humanos de verdade temos que pensar nisso”, asseverou. 

No mesmo sentido, o assessor jurídico da FETIESC, André Bevilaqua, lembrou que, anualmente, os trabalhadores sentam para negociar com o sindicato patronal com a mesma tônica, porém, sucessivamente, e na maioria das negociações, não existe um cenário favorável para o trabalhador, apenas para o capital. “Se no governo anterior – que era de direita, ao lado do capital e que tinha declarado os trabalhadores e os sindicatos como inimigos – nós não tivemos avanço, como não aproveitaremos um governo de esquerda para reinvindicar os nossos direitos?”, complementou o advogado ao se manifestar frustrado com a proposta dos empresários. 

A indignação com a proposta do sindicato patronal também foi explicitada pelo presidente do STI Plásticos, Químicos e Papel de Brusque, Edinaldo Pedro Antonio, conforme ele, diante do descaso da categoria patronal para com os trabalhadores, os sindicatos – ao invés de negociações – terão de achar outro jeito de convencer os trabalhadores para pararem a linha de produção. 

Edinaldo também ressaltou que a reivindicação dos sindicatos por uma cesta básica é uma medida paliativa para ajudar tanto as empresas quanto os seus trabalhadores, sem onerar a folha de pagamento, porém, além de consecutivas negativas o sindicato patronal não apresenta nenhum outro estudo ou proposta pensando no bem-estar e na dignidade do trabalhador. “Se tivéssemos salários dignos para viver bem e a garantia de alimentação não estaríamos com essa pauta de negociação. Mas frequentamos a base e sabemos que o trabalhador não está se alimentando bem”, relata. 

Conforme ele, caso o sindicato patronal não trouxer uma proposta com aumento real do salário, nenhuma convenção coletiva será firmada. “Para toda ação tem uma reação; caso os empresários não mudem a forma de pensar vão se incomodar, porque o trabalhador não vai se conformar com essa proposta descabida”, adverte.

A mesma frustração foi manifestada pela presidente do STI Papel de Rio Negrinho, Cintia Ronska, a qual afirmou que nos últimos anos as empresas estão numa empreitada neoliberal na tentativa de desmoralizar e enfraquecer as lideranças e as estruturas sindicais ligadas aos trabalhadores, sendo que durante as negociações entre as duas partes elas propõem um reajuste pífio e indignante, porém após isso, na prática acabam por conceder um aumento maior do que o tratado.

O mesmo sentimento foi ratificado pelo presidente do STI Químico de Jaraguá do Sul, João Brasil, o qual avaliou a proposta apresentada pelo sindicato patronal muito aquém do que o esperado pelos trabalhadores os quais, nos anos anteriores, devido às crises sanitárias e econômicas, cederam em favor das empresas compreendendo suas realidades, mas que hoje, quando sofrem, são ignorados pelos seus empregadores.

Complementando o exposto, o presidente do STI Plásticos de Biguaçu, Lucio Schmitt, relembrou que nos últimos tempos os trabalhadores sempre se mantiveram junto às empresas para que, unidos, superassem as dificuldades. No entanto, conforme ele, o que ocorreu nesta data não é uma negociação isso porque o sindicato patronal não está sensível às necessidades dos trabalhadores, pelo contrário: “Dão os benefícios e colocam os trabalhadores contra os sindicatos, o que se constituiu em uma falta de consideração das empresas e dos patronais para conosco”, repudia. 

Diante da insatisfação generalizada, o interlocutor do SIMPESC agendará uma terceira rodada de negociações, ainda em data a ser definida.

 

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