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19 de abril: Dia dos Povos Indígenas | ‘O TRABALHADOR CATARINENSE NÃO PODE VIRAR A CARA PARA A CAUSA INDÍGENA’ 

‘O TRABALHADOR CATARINENSE NÃO PODE VIRAR A CARA PARA A CAUSA INDÍGENA’ 

Idemar Antonio Martini

Presidente da FETIESC

Nesta quarta-feira, dia 19 de abril de 2023, celebramos pela primeira vez o ‘Dia dos Povos Indígenas’, expressão essa que deixa no passado a pejorativa e ultrapassada denominação ‘Dia do Índio’. Trata-se de uma pequena, porém significante alteração para os novos horizontes que se abrem à nossa frente e nos devolvem a esperança de participarmos, irmanados, da reconstrução de um Brasil mais justo e fraterno para todas as raças!

A data celebrada neste dia não se resume a fantasiar as nossas crianças urbanas que, com cara pintada e penacho na cabeça, saem às ruas como forma de lembrar este povo historicamente excluído. Trata-se sim de uma oportunidade ímpar para resgatarmos o que há de mais precioso em nós – nossa generosidade – e nos compadecermos com as singelas causas dos povos indígenas brasileiros, os quais, em pleno século XXI, ainda acumulam os prejuízos impostos por um (des)governo genocida, o qual lhes jogou à situações de flagrante descaso e negligência, sob a tutela de uma elite branca e higienista. 

Vale lembrar que o estado de Santa Catarina tem 28 áreas indígenas, as quais, juntas, ocupam apenas 0,8% do território estadual. Em quatro delas, a Procuradoria Geral do Estado ainda questiona a demarcação das terras. Por aqui 16 mil indígenas catarinenses – dos povos Guaranis, Kaingang e Xokleng – acumulam, há séculos, as derrotas de uma luta inglória contra o capital. Para a própria sobrevivência alguns se arriscam em trabalhar em atividades sazonais e na confecção de artesanatos em acampamentos próximos às áreas urbanas. 

Além de todas as adversidades impostas pelo sistema capitalista a todos os que são pobres e de poucas posses; os indígenas catarinenses são constantemente ameaçados por ideologias repugnantes das quais, infeliz e lamentavelmente, alguns trabalhadores compactuam e reproduzem. É ‘o oprimido oprimindo o outro oprimido’, dando vazão ao discurso elitista do próprio opressor.

O trabalhador catarinense não pode virar a cara para a causa indígena! Mais do que nunca é preciso nos posicionarmos a favor da vida e em defesa dos direitos destes povos que fazem parte da nossa história, muito antes de o povo branco conquistar essas terras.

O trabalhador catarinense tem que assumir com veemência a defesa dos seus povos originários. É preciso se incluir na luta para que eles sejam respeitados e tenham condições para que vivam com dignidade e em paz. 

Como sindicalistas, não podemos adotar o discurso do opressor que há séculos condena a cultura e a raça indígena, assim como a negra e dos outros grupos minoritários, sempre excluídos dos interesses do capital! 

É necessário nos emanciparmos, deixando de lado a condição de adestramento que os donos do capital impõem à classe trabalhadora a qual, imóvel e calada, ultimamente consente os tantos mandos e desmandos bem como o desmonte dos direitos humanos e trabalhistas conquistados a duras penas, por décadas e décadas de luta!

Mais do nunca é preciso que a classe trabalhadora se pacifique com seus pares. Que tenha um lado: o da resistência e não da subserviência! Que tenha a coragem de indignar-se diante as tantas injustiças assistidas diuturnamente contra à própria classe. Que se liberte do discurso do seu próprio  opressor e que volte a ser capaz de escrever a sua própria história: da luta conjunta e ininterrupta pela democracia, pela justiça e pela paz! 

Enfim, mais do que nunca, o trabalhador catarinense não pode se esquivar da defesa intransigente da causa indígena. Nenhum trabalhador pode se dignar a fazer parte deste exército de ‘bandeirantes do século XXI’ que, pela ganância, defende o extermínio dos povos originários e minoritários como uma oportunidade de obter mais lucros e alavancar novos negócios, em detrimento de toda espécie de vida e da dignidade humana. 

 

Imprensa Fetiesc

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