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OPINIÃO: Trabalhador catarinense: vamos falar sobre trabalho escravo?

“Foi para a liberdade que Cristo nos libertou. Portanto, permaneçam firmes e não se deixem submeter novamente a um jugo de escravidão”. (Gálatas 5:1)

Idemar Antonio Martini

Presidente da FETIESC

 

Acredito que com a notícia desta semana, já passou da hora de todo trabalhador catarinense ter a coragem de  arrancar a máscara do conformismo, bem como parar de reproduzir o discurso da elite e do capital, os quais insistentemente vendem a imagem de que o Estado é uma ‘europa brasileira’. 

Nesta semana, o desembargador Jorge Luiz Borba, do Tribunal de Justiça catarinense, foi denunciado por manter em sua residência, por mais de 20 anos, uma doméstica, com deficiência, em condições análogas à escravidão. 

Pasmem! Um magistrado mantém por ‘amor’ – conforme ele mesmo declarou – durante 20 anos, uma empregada sem registro em carteira de trabalho e sem pagar salário ou quaisquer vantagens trabalhistas. Faltou apenas o magistrado declarar que “O trabalho liberta!” – em referência à frase colocada nas entradas dos campos de extermínio do regime nazista.

No entanto, diante desse descalabro, na ‘europa brasileira’ poucos são os que se indignam com o fato denunciado. Por estas terras, explorar e manter trabalhadores nas condições análogas à escravidão parece ser uma normalidade, afinal, por aqui, há tempo o chicote do capital açoita, oprime e coage a classe trabalhadora que, para se manter o emprego, abdica de sua própria dignidade, se cala e passa a referendar o discurso e os atos do seu próprio opressor.

Não podemos esquecer que nestas terras de antigos coronéis – como as famílias Konder, Bornhausen, Amim, dentre outras tantas – ainda estão abertas as chagas do fascismo, da escravidão e da opressão, caracterizadas por um poder ditatorial que se contrapõe aos interesses da classe trabalhadora, e que encontrou nestas terras o terreno fértil para se fortalecer.

Não podemos esquecer que foi por aqui que o nazismo alemão implantou células que até hoje sobrevivem e, mais recentemente, foi o povo do Estado de Santa Catarina que fez questão de bradar ao mundo e se orgulhar por apoiar incondicionalmente um governo constituído por elementos do neofascismo, da necropolítica, do antifeminismo e do protestantismo, bem como à defesa da ditadura militar brasileira.

Ah, catarina! Vamos falar sobre trabalho escravo? Sabemos que este caso não é isolado e que é recorrente outros catarinenses vítimas desta situação degradante em que os ‘coronéis’, para acumularem mais riquezas, escondem toda a sujeira moral embaixo de suas togas, e enquanto isso continuam apequenando, menosprezando, amedrontando e explorando a classe trabalhadora, acusando-nos de ‘comunistas’ por justamente estarmos comprometidos com toda forma de liberdade.

É hora de mostrarmos a nossa força e escorraçar essas práticas que, há séculos, maculam a história de nosso Estado. Como trabalhadores, não podemos nos amedrontar diante dessa elite repugnante, narcisista, esnobe e exploradora de mão de obra. 

Trabalhadores e trabalhadoras, uni-vos! Levantem-se contra essa ideologia neofascita que está impregnada na cultura catarinense e, pela nossa luta constante, ainda sonho que chegará o dia em que a classe trabalhadora chegará ao poder deste Estado, e então, uníssonos, cantaremos o hino do nosso Estado, no qual se diz: “Quebrou-se a algema do escravo / E nesta grande nação / É cada homem um bravo /Cada bravo, um cidadão”. 

 

Imprensa Fetiesc

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