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DIEESE: Alta taxa de juros acelera o endividamento das famílias brasileiras

Em contrapartida, os principais bancos lucraram R$ 106,7 bilhões em 2022

A 8ª edição do estudo Desempenho dos Bancos, produzido pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos

(DIEESE) – Rede Bancários – e divulgado na última semana, demonstra que os lucros dos cinco bancos (Bradesco, Banco do Brasil, Itaú Unibanco, Caixa Econômica e Santander), somados, atingiram o expressivo montante de R$ 106,7 bilhões, com alta média de 2,5% em doze meses.

O estudo também evidencia que devido ao fato de o Banco Central ter mantido a Taxa Básica de Juros (Taxa Selic) em um patamar muito elevado (13,75% a.a., desde agosto de 2022) faz com que todas as demais taxas aplicadas pelos bancos sejam maiores ainda, o que acaba por dificultar a retomada do crescimento da economia e uma evolução positiva da produção, do emprego e da renda. Cenário esse que acaba por favorecer, apenas, especuladores e rentistas.

Ainda de acordo com a pesquisa, um resultado direto da manutenção das taxas de juros num patamar tão elevado é o endividamento das famílias brasileiras. De acordo com a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC) da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), ao final de 2022, 77,9% das famílias declararam estar endividadas. Tal percentual é tido como um endividamento recorde, com alta de sete pontos percentuais em relação a 2021, quando 70,9% das famílias declararam ter dívidas.

A inadimplência também bateu recorde, em 2022, de acordo com a pesquisa. Entre as famílias, 28,9% tinham dívidas em atraso e 10,7% do total disseram não ter condições de pagar suas pendências financeiras (entre essas, 32,3% de famílias com menor renda – de até 10 salários mínimos). Ademais, dados do Banco Central apontam que, ao final de 2022, a inadimplência no rotativo do cartão de crédito chegou a 41%.

Diante este cenário estarrecedor que condena a classe trabalhadora, neste mês de junho, centrais sindicais e movimentos sociais ligados à Frente Brasil Popular, promovem uma jornada contra as altas taxas de juros e a política imposta pelo Banco Central (BC), em atos pelo fim da política monetária ultraliberal. Dentre as reivindicações está o impeachment do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. 

Para o presidente da Federação dos Trabalhadores nas Indústrias de Santa Catarina, Idemar Antonio Martini, analisa esse cenário afirmando que a manutenção de uma taxa 13,75% prejudica, sobremaneira, as camadas s sociais mais pobres e aqueles que desejam investir em seus negócios. 

Neste sentido, com certo otimismo sobre as políticas de reindustrialização e valorização dos produtos nacionais defendidas pelo presidente Lula, Martini defende o levante popular contra o sistema imposto pelo Banco Central que, conforme ele, está a serviço do Governo Bolsonaro e dos interesses ultraliberais, uma vez que compreende que a manutenção da alta taxa de juro trava o crescimento da economia, provoca altas taxas de desemprego, fome e miséria e, consequentemente, compromete a qualidade de vida dos trabalhadores e das trabalhadoras, vítimas expostas a essa ‘herança’ maldita do governo antecessor. “Convocamos também o movimento sindical para se somar nesta luta com o objetivo de combater a especulação financeira e priorizar a produção e a geração de empregos no país”, acrescenta Martini. 

 

SAIBA MAIS – O estudo completo do DIEESE pode ser acessado pelo seguinte  link: https://www.dieese.org.br/desempenhodosbancos/2023/desempenhoDosBancos2023

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