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EDITORIAL: Por que conciliar o trabalho com os cuidados dos filhos tem que ser uma tarefa exclusiva das mães trabalhadoras?

 

Idemar Antonio Martini – Presidente da FETIESC

Neste Dia das Mães, é preciso reconhecer que a realidade das mães trabalhadoras padece de novas alternativas – sociais, legislativas e judiciais – de modo que a equidade entre homens e mulheres, verdadeiramente, seja uma premissa viável e sustentável.

É claro que a legislação trabalhista, ao longo da sua história, garantiu alguns direitos importantes às mães trabalhadoras (licença maternidade, estabilidade no emprego e intervalos para amamentação, dentre outros), no entanto, a realidade nos mostra que a maternidade, infelizmente, ainda hoje acaba por acentuar as desigualdades de gênero no mercado de trabalho. 

Prova inconteste de tamanho disparate é que, no Brasil, cerca de 30% das mulheres se sentem forçadas a parar de trabalhar para poderem cuidar dos filhos. Outras tantas, acabam sendo eliminadas das entrevistas de emprego simplesmente por serem mães: costumeiramente são vistas como menos comprometidas tanto com a produção quanto com a empresa.

Nesta seara, a discriminação das mães neste nefasto mercado neoliberal que impõe o lucro acima de qualquer respeito à dignidade da pessoa humana, nos força a refletir sobre esse problema sistêmico que acomete a sociedade brasileira.

Muito mais do que a retórica, precisamos de ações concretas para que as mães trabalhadoras vençam toda espécie de preconceitos que pairam sobre elas. Enquanto sindicalistas, é necessário sermos humanamente solidários e atuantes nesta luta conjunta de trabalhadores e trabalhadoras para desnaturalizarmos o cuidado dos filhos como uma atividade exclusivamente feminina. 

Nós, pais, temos que dividir essas responsabilidades, nos libertando das velhas amarras impostas por este modelo de sociedade patriarcal, onde o zelo pela prole é um dever exclusivo da mãe. 

Neste sentido, acredito que neste dia, muito mais do que nossas homenagens, as mães trabalhadoras merecem a nossa solidariedade e o nosso compromisso de defendê-las de toda situação que as mantenha na condição de preteridas neste perverso universo do capital. 

Que o ato de ser mãe trabalhadora não continue sendo uma justificativa para a estagnação das carreiras profissionais dessas mulheres; mas que volte a ser sinônimo de doação, de amor incondicional e de bonança. 

Minha singela homenagem às mães trabalhadoras, neste dia especial.

Imprensa Fetiesc

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