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FFS 2023: Deputada Vanessa da Rosa condena a violência política contra as mulheres, inclusive no movimento sindicalFFS 2023:

A deputada destacou a presença feminina no sindicalismo, nas relações de gênero e nos espaços de poder

O terceiro e último dia da 15ª edição do Fórum Sindical Sul (FSS 2023) iniciou com a palestra da professora e Deputada Estadual do Estado de Santa Catarina,  Vanessa da Rosa, que na manhã desta sexta-feira (27/10), representou a voz e a força das mulheres e do povo negro na defesa e no fortalecimento do movimento sindical brasileiro. Depois de Antonieta de Barros e mais de 80 anos, Vanessa da Rosa é a segunda mulher negra a ocupar uma cadeira na Assembleia Legislativa catarinense. 

No auditório do Hotel Campo Grande, na capital sul mato-grossense, a deputada falou a centenas de sindicalistas sobre a inserção das mulheres no sindicalismo, nas relações de gênero e nos espaços de poder. Inicialmente apresentou uma análise sobre os casos de violência extrema contra as mulheres quando o racismo se articula com o machismo, e denunciou a sub-representatividade das mulheres [de modo especial as negras] nos espaços de poder – resultado de uma sociedade patriarcal e escravagista. “A exaltação do saber do branco, europeu, colonizador nos impede de construir nossas raízes culturais em detrimento de todas as minorias, e isso interfere na inserção das mulheres na sociedade”, denuncia a deputada. 

Vanessa também chamou a atenção dos sindicalistas que as reivindicações trabalhistas das mulheres são diferentes das dos homens, no entanto, conforme ela, por muito tempo a classe operária foi tratada sem distinção de gênero, raça, etnia e de geração; o que fez com que historicamente o trabalhador fosse mais valorado do que a trabalhadora. Sob esse prisma é que a deputada considera que os sindicatos e partidos políticos, embora serem espaços democráticos, também se mantém sendo espaços de predominância de homens brancos. “Ainda temos poucas mulheres à frente dos sindicatos, por isso é preciso pensar na equidade e igualdade de gênero”, adverte ela.

Traçando um panorama atual do mercado de trabalho, a deputada revela que 28% da população brasileira é formada por mulheres negras, sendo que destas, 65% trabalham como domésticas e só 31% delas estão formalizadas, com as garantias trabalhistas e previdenciárias. Além disso, lembra que 6,9 milhões de mulheres brasileiras são mães-solos, de domicílios monoparentais, ou seja, exclusivamente elas é que convivem e são responsáveis pelo sustento dos filhos,  o que lhes força a abandonarem os estudos e trabalhar na informalidade. “Esse é apenas um dos tantos fatores sociais,  políticos e econômicos que se apresentam como um entrave para que as mulheres estejam representadas na política. Precisamos de políticas públicas que deem condições de vida para essas famílias, porque essa situação nos afasta dos espaços que precisamos ocupar”, denuncia Vanessa ao revelar que no ranking da representatividade da mulher na política, o Brasil fica atrás, inclusive, do Afeganistão. 

Com vistas às eleições do próximo ano, a deputada orienta para que as mulheres se qualifiquem para serem candidatas “e não apenas para serem laranjas para que os partidos políticos cumpram as cotas reservadas às candidaturas femininas”. 

VIOLÊNCIA POLÍTICA – Negra, há uma semana a professora Vanessa da Rosa assumiu uma cadeira na Assembleia Legislativa catarinense, exatamente 89 anos depois de Antonieta de Barros. 

Durante sua participação no FSS 2023, ela revelou que três dias depois de ter tomado posse, recebeu um vídeo em que ligavam o seu nome como uma apoiadora do Hamas. Fatos como esse, de perseguição e ameaças contra as poucas representações femininas na política brasileira, conforme ela, são desencorajadoras e faz com que as mulheres tenham um amparo partidário, familiar e estrutural, para resistirem e para que não se tornem vítimas da violência como os casos de Mariele Franco, Mãe Bernadete e da líder sindicalista Margarida Maria Alves, que perderam a vida na luta pela defesa da classe trabalhadora e dos direitos humanos. 

Outro caso de violência política sofrida pelas mulheres, é o das seis deputadas federais de esquerda que respondem processos no Conselho de Ética, após denúncias do partido de Bolsonaro por suposta quebra de decoro parlamentar após se manifestarem contrários ao marco temporal das terras indígenas. “O Brasil é o país que mais comete violência contra a mulher. 38 mulheres são violentadas por minuto e 65% delas são negras. Logo, se todas as vidas verdadeiramente importassem, nós não precisaríamos estar aqui proclamando enfaticamente que as vidas negras importam”, finalizou a deputada, numa paráfrase à frase da filósofa Angela Davis.

O FSS 2023 é organizado por federações e sindicatos dos quatro estados. A programação do evento encerra hoje a tarde com a participação do líder sindicalista argentino, Ernesto Quiqui Trigo. 

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